Assassinato na universidade
Era um dia como outro: os seguranças observando o fluxo de gente entrando e saindo. Carros e motos buzinando, atrapalhando as aulas. O passo nervoso dos professores, estressados com tantas coisas para fazer.
Mas nem tudo era rotina naquele dia.
Não foi despercebida que ela passou pelos corredores com sua calça de couro preta, seu coturno de cano alto, sua blusa vermelha decotada estilo hollywood, seus longos cabelos negros, seus olhos faiscantes, dignos de confusão, seu perfume incendiário que pairou alguns segundos no ar como se dele fosse parte — fazendo com que muitos pobres rapazes levitassem em direção ao paraíso — sua mochila em formato de guitarra cuja alça segurava um capacete tipo coco, marca do motoqueiro experiente e cheio de marra…
Todos os olhos ganharam uma direção única: o caminho por onde ela flutuava numa beleza instigante que transformava pequenos cordeiros em lobos…
Ela adentrou minha sala, cumprimentou-nos: “Boa noite!” e, dirigiu-se à professora:
— Chamo-me Dalila. Sua nova auxiliar.
— Ah sim, Dalila. Seja bem vinda! Este será seu aluno particular.
Naquele dia dei-me conta de que não deveria ter cabulado tantas aulas. Agora, na universidade, sob os risos sarcásticos da minha turma — recoberto de inveja insana! — era apresentado à minha auxiliar de Língua Portuguesa. Parte obrigatória do programa de reforço.
Por que não ouvi Dona Dalila, quando me dizia que deveria estudar mais?
Hoje, diante de sua versão 4.0, de nada me adianta chamar-me Sansão e ser tão burro quanto Golias.