Mal me quero, bem me quero
Li poucas biografias em minha vida. Nem sempre me interesso por conhecer as vidas das pessoas, especialmente, quando sequer reconheço a minha. Entretanto, gosto de, como disse Ana Beatriz, desafiar-me.
Devo dizer que essa leitura me foi desafiadora; não porque não seja uma história única — toda história de uma vida é única. Não me cabe julgar as experiências das pessoas. Mas, porque não tenho o hábito de ler biografias, e é uma leitura que requer cuidado, afinal são momentos, vivências cujo valor são inestimáveis, além da exposição de seu protagonista que requer muita coragem, desprendimento e confiança.
Fazer a resenha da história de vida de uma pessoa, a meu ver, solicita de mim um sentimento maior do que a empatia. Solicita-me sentir o que vai além de mim; o que vai além da condição de mulher, mãe, filha, neta, até de humana: pede-me a condição de alma que encontra em outra alma a inspiração a que aspira.
Senti-me pequena em muitos trechos — afinal, qual mulher não teve seus percalços em relação ao amor, à família e aos seus sonhos?
Em outros momentos, viajei nos desejos dela de superação e alcance de si mesma — quem de nós nunca viveu momentos de tristeza e solidão, sem sequer imaginar que nós somos nossas melhores companhias?
E o que falar da fé? Esse é um segredo ao qual tão poucos de nós temos acesso, não por ser algo difícil de conseguir, mas porque não nos damos o luxo de entender e nem de sentir verdadeiramente.
“Mal me quero, bem me quero” é, com certeza, mais uma das queridas surpresas que a Editora Livra me proporcionou, carimbando mais uma vez, com maestria a beleza uma literatura que emociona e encanta, seja numa biografia, num livro de contos ou num romance.
É bom saber que há uma nova geração de grandes autoras vindo por aí e que, muito em breve, tantas mulheres como Ana Beatriz estarão nas vitrines do Brasil esbanjando luz, sabedoria e alegria para todos os leitores ávidos por novas experiências literárias.